A sexta-feira de hoje foi marcada por mais uma Greve Climática Estudantil a nível global, convocada pelo movimento Fridays For Future, onde nos inserimos. Com as duas mobilizações estudantis deste outono, 24 de setembro e 22 de outubro, passámos a mensagem que queríamos: a crise climática não é um problema isolado de poluição, é impossível ignorar todo o seu contexto social, político e económico, sendo fruto de um sistema contemporâneo baseado em injustiças sociais e formas de opressão, que estão na sua origem e têm intensificado os efeitos das alterações no clima.
É inegociável de que este é o maior desafio que alguma vez a humanidade enfrentou, mas desengane-se quem considera que estamos todas a ser afetadas da mesma forma, porque existem desigualdades e uma distribuição geográfica diferente de pessoas e recursos, existindo pessoas na linha-da-frente desta grande crise, os MAPA (Povos e Áreas Mais Afetados), que já sofrem há décadas e de forma desproporcional o agravar dos fenómenos climatológicas na Terra. Enfrentamos a mesma tempestade, mas não estamos no mesmo barco.
Os impactes decorrentes da crise no clima são tanto mais difíceis de suportar quando ainda fazemos parte dessas comunidades exploradas – desde trabalhadores precários, povos indígenas, comunidades racializadas, do Sul Global, pessoas LGBTQ+, mulhe-res, estudantes que não conseguem pagar as suas propinas… Apercebemo-nos de que somos uma maioria cujas vidas estão em risco pela procura incessante de lucro ao invés da preocupação com a sustentabilidade neste planeta, é preciso #UprootTheSystem.

A nível nacional foram por volta de 550 manifestantes que se juntaram nas ruas na luta para a resolução da crise climática no presente, permitindo a conquista de um futuro mais sustentável e justo para todas as pessoas. Apontamos o sistema sociopolítico atual como o motivo para termos chegado a este estado das coisas, não sendo da nossa responsabilidade individual, sobretudo quando é a elite mais rica, as grandes empresas e multinacionais responsáveis historicamente pela maioria das emissões de gases com efeito de estufa presentes na atmosfera e que ainda deslocalizam as suas atividades poluidoras para o Sul Global, aproveitando-se de facilitismos legais em relação a emissões e de trabalho em condições precárias, não concretizando a dita “transição verde justa, que não deixe ninguém para trás” de que tanto se galhardeiam.
Mas ainda há muito porque lutar! Vamos continuar a fazer greves e manifestações pelo clima e a fazer pressão nos líderes mundiais, exigindo e sugerindo medidas para planos e ações concretas alinhados com a ciência, e para ter a certeza que estes planos e ações não deixam ninguém para trás, especialidade as pessoas mais marginalizadas.
Não basta a redução de emissões a nível nacional para mudar tudo, é preciso um movimento global, interconetado, plural que reconheça o perigo que a crise climática significa nas nossas vidas. Continuaremos a sair até que justiça climática seja uma realidade e que as lutas locais pelos territórios sejam ouvidas! #FightClimateinJustice
