As novas erupções sociais têm dominado o espaço público nos últimos anos trazendo as lutas progressistas que imperam pela reivindicação da existência. Esta tradição contemporânea de mobilizações criou o enquadramento para a explosão do movimento internacional do Fridays For Future que veio revolucionar os parâmetros e os âmbitos onde a discussão sobre justiça climática ocorria.
Com a aproximação dos jovens da política também se fomentou um palco para a discussão de outros assuntos que preocupam de forma particular a nossa geração. A luta pelo nosso futuro, por um planeta habitável imagina o que esse futuro pode ser como espaço de combate às desigualdades que assombram a essência das nossas sociedades.
Sabemos, enquanto jovens, os desafios que temos pela frente, A vida tradicional que esperava os nossos pais como uma sucessão lógica de caminho imbuído no tecido social – o “sucesso” cada vez mais se afasta do nosso horizonte.
O mundo do trabalho tem-se reconfigurando, dando novas caras à precariedade. Temos assistido à generalização da precarização do trabalho e à individualização das relações laborais, o que tem inevitavelmente acantonado os jovens em mercados de trabalho caracterizados por empregos precários, salários baixos e escassas oportunidades de construção de percursos profissionais estáveis. A ansiedade causada pelas perspetivas da nossa inserção no mercado de trabalho são exponenciadas pela consciência coletiva do caos climático que assolará as nossas sociedades, tal como pela perspetiva da iminência da catástrofe civilizacional.
Não escolhemos enfrentar e viver um conjunto de crises que moldou o nosso presente: a social, a climática, a económica e, mais recentemente, a pandémica. No entanto, todas estas crises são oriundas do mesmo sistema que somente se tem vindo a fortalecer com estes fenómenos e a demonstrar como está a funcionar melhor do que nunca.
Entre estes novos movimentos e a luta pelos direitos dos trabalhadores não pode haver um fosso social. É preciso entender que a luta por uma transformação radical da nossa sociedade é a luta pelo nosso direito a existir, pelo planeta que é um bem público que deve pertencer a tudo. Se exigirmos menos do que o impossível, estaremos a conformar-nos com um mundo de desigualdades sociais, de trabalho sem direitos, de subjugação económica e de caos climáticos.
Dia 1 de Maio saímos à rua para reivindicar as vitórias dos trabalhadores e para visibilizar as lutas que estão por fazer. Somos jovens, temos fôlego e a rebeldia para rejeitar o discurso de inevitabilidade de que o mundo não mudará. Conhecemos a história como uma sucessão de mudanças que não ocorrem sem intervenção e disputa de forças. O que queremos é inverter o sentido dessa mudança para a construção de um outro mundo possível, onde ativistas climáticas e os e as trabalhadoras formam laços para a conquista de um objetivo maior: o futuro.