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Greve dos trabalhadores da TAP: Justiça climática é justiça social

As greves dos funcionários da TAP têm ocupado a agenda mediática nestes dias, advindo do cancelamento de algumas das rotas criadas em 2014 e suspensão de algumas das rotas criadas em 2014 que já iriam desaparecer durante a época alta. Esta ação decorre do facto dos prejuízos da companhia aérea agravarem-se no primeiro semestre deste ano para 109, 6 milhões de euros.

Estas medidas levarão ao emagrecimento da estrutura de pessoal e a menores despesas com trabalho extraordinário.
No seguimento destas notícias, o sindicato dos trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) emitiu um pré-aviso de greve a todo o trabalho extraordinário entre os dias 3 de Junho e 1 de Outubro, depois de uma reunião insatisfatória com a TAP. Este sindicato já tinha, anteriormente, emitido promessas de greve para o Verão, caso a sua situação laboral não fosse resolvida.

Uma das palavras de ordem utilizadas na manifestação dos trabalhadores foi “Queremos transparência”, relativamente à estruturação da companhia, exigindo reuniões para que possam fazer parte da solução.

Sabemos que a aviação é um dos setores mais afetados pela atual crise, embora seja pertinente uma avaliação de quem são efetivamente os passageiros das mesmas. Um estudo da Universidade de Linnaeus, na Suécia, citado pelo “The Guardian”, evidenciou que os passageiros frequentes da aviação, também conhecidos por “super emissores” e que representavam 1% da população mundial, são responsáveis por metade de todas as emissões de carbono emitidas pelo setor da aviação em 2018. Segundo esta mesma investigação, apenas 11% da população mundial pisou um avião em 2018 e 4% foi para outro país.

Também sabemos que as companhias aéreas foram responsáveis por um bilião de emissões de dióxido de carbono (CO2), neste período. Portanto, os atuais moldes de funcionamento destas indústrias propiciam a crise climática e o abandonamento de milhares de trabalhadores, já precarizados.

É preciso repensar a forma como nos deslocamos em sociedade. Olhar para o decréscimo de certos setores como uma oportunidade para requalificar outros, como o ferroviário, em simultâneo garantindo requalificação laboral e que não são os mesmos de sempre a pagar por todas as crises.

Proteger as pessoas é preservar o ambiente e o trabalho.

Andreia Galvão

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