Se recuarmos no tempo cerca de 200 anos, observamos um mundo em grande mudança. Essa mudança abrangeu diversos aspetos da realidade até então conhecida, entre eles, o ambiente, que sofreu um impacto que colocou o mundo em alerta! A esse tempo chamamos de Revolução industrial, e é precisamente neste momento que se começam a construir os caminhos de ferro.
A linha do Oeste surgiu neste contexto, uma vez que o Oeste demonstrava um grande potencial económico, tanto na agricultura existente na zona devido a riqueza dos solos do Oeste, como também devido ao grande fluxo turístico, especialmente nas Caldas da Rainha, gerado pelas suas termas. Apesar de todas essas vantagens, a cidade não apresentava os meios de comunicação fundamentais para o desenvolvimento da linha.
Foram várias as tentativas de planificação e construção deste troço ferroviário. A primeira, no governo de Costa Cabral, acabou por não se concretizar devido à instabilidade política e social que se sentiu, impossibilitando a realização de grandes obras públicas. A segunda, em 1851, com estudos do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, que acabaram por perder relevância, por se concluir que seria prioritária a ligação entre Lisboa e Porto e a fronteira espanhola, bem como a construção de estradas para reativar o serviço de mala posta. A terceira tentativa surge em 1862 através da firma Ellicot & Kesseler, que pediu autorização para a construção de uma linha que fosse de Lisboa a Torres Vedras e Sintra. O seu pedido foi rejeitado, uma vez que as linhas férreas tinham total exclusividade na Companhia Real dos Caminhos de Ferros Portugueses.
É então a 31 de janeiro de 1882 que é apresentada uma nova proposta de duas linhas:
- Alcântara a Torres Vedras e Torres Vedras à Figueira da Foz, passando por Caldas da Rainha, São Martinho do Porto e Leiria (Linha do Oeste). A Companhia Real contratou a firma Dauderni & Bartissol para a construção dos lanços da linha do Oeste, que começou oficialmente a 21 de agosto de 1885. Em 1888 a linha estava a funcionar na sua totalidade!
Nas décadas de 1920 e 1930, a linha foi intervencionada, tendo sido renovada a via, ampliadas as estações e substituídas as pontes. Devido a estas inovações foi possível introduzir locomotivas especializadas em serviços de mercadorias.
Nas décadas de 50 e 60 foi instalada a tração elétrica na Linha do Norte, deixando para trás as locomotivas a gasóleo da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que foram transferidas para as linhas do Oeste.
Nos anos 80 e 90, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses concorreu ao Programa Operacional de Desenvolvimento das Acessibilidades e ao Plano de Desenvolvimento Regional, financiado pela então Comunidade Económica Europeia, atual União Europeia. Devido à importância que a linha do Oeste tinha enquanto linha secundária, foi intervencionada especialmente no troço entre Torres Vedras e Figueira da Foz.
É necessária uma renovação da Linha do Oeste, não só devido à sua história, mas também porque é necessária uma transição energética justa, sendo esta uma alternativa ao transporte rodoviário individual e coletivo, um dos principais emissores de CO2! Só assim é possível avançar! Só assim temos uma Transição energética Justa! Só assim as nossas futuras gerações poderão viver bem!
Daniel Vieira, ativista da Greve Climática Estudantil das Caldas da Rainha